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Thunderbolts (2025)

  • Foto do escritor: Helder Fernandes
    Helder Fernandes
  • 10 de ago.
  • 4 min de leitura

Thunderbolts (2025)


Não é o filme de poderes que você está acostumado


Desde Vingadores: Ultimato, a impressão que a Marvel vem deixando é a de que sua fórmula serve mais para imprimir dinheiro fácil do que para criar obras com camadas, nuances e surpresas. O próprio Martin Scorsese — que considero o maior cineasta vivo — comparou os filmes do estúdio a parques de diversão temáticos, mais voltados para entretenimento imediato do que para arte. Concordo com ele, mas acredito que a principal “culpa” não é apenas de Kevin Feige e dos executivos, e sim do próprio público.


O exemplo mais claro é Eternos (2021). Dirigido pela vencedora do Oscar Chloé Zhao, com elenco de peso (Angelina Jolie, Richard Madden, Barry Keoghan, entre outros), o longa trouxe algo totalmente diferente: tom contemplativo, fotografia cuidadosa e uma abordagem existencial. Ainda assim, fracassou nas bilheterias. Desde então, a “Casa das Ideias” parece ter assumido que o público só quer mais do mesmo, entrando em uma espiral de produções medianas.


Thunderbolts, porém, é uma exceção. A Marvel volta a arriscar, como fez em Eternos, mas agora adicionando mais ritmo e carisma à mistura.



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Anti-heróis no comando


Nos quadrinhos, os Thunderbolts são um time que lembra muito o Esquadrão Suicida da DC: um grupo de vilões e anti-heróis descartáveis que trabalham para o governo. Originalmente liderados por Thaddeus “Thunderbolt” Ross, aqui o comando fica nas mãos de Valentina Allegra de Fontaine, vivida por Julia Louis-Dreyfus. Ela entrega uma “Amanda Waller” da Marvel com mais ironia e sarcasmo, e o carisma da atriz segura muito bem o papel — mesmo com pouco tempo de tela.


O maior acerto do filme está nos personagens e no elenco. Florence Pugh, como Yelena Belova, prova mais uma vez que é uma atriz de primeira linha. Sua protagonista carrega o peso emocional do filme, explorando solidão e falta de propósito. A grande surpresa é Lewis Pullman como Bob/Sentry: ele começa quase como figurante irrelevante, mas o roteiro — assinado por Eric Pearson, Joanna Calo e Lee Sung Jin — aproveita essa impressão inicial para depois revelar sua importância e complexidade. A relação entre ele e Yelena é um dos pontos altos da história.


Entre os coadjuvantes, David Harbour diverte como Guardião Vermelho, mesmo que o humor às vezes pese a mão. Wyatt Russell entrega um ótimo “Capitão América fracassado”, e Julia Louis-Dreyfus, como já dito, brilha no que aparece, a grande questão política do filme, que transforma o Soldado Invernal (Sabastian Stan) é quase numa história fora do filme não é bem trabalhada pelo roteiro, deixando o personagem Bucky Barnes quase como um figurante de luxo, só voltando a trabalhar melhor o personagem perto do final da trama. O ponto fraco é a Fantasma de Hannah John-Kamen, que fica sumida e serve mais como ferramenta de roteiro do que como personagem.



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Visual e atmosfera


Outro destaque é a fotografia de Andrew Droz Palermo. Fugindo do visual “lavado” comum da Marvel, o filme aposta em tons sombrios, contrastes fortes e uso expressivo de luz e sombra, reforçando os temas mais pesados. A direção de arte de Grace Yun também merece elogios pelo detalhismo e por criar cenários que ajudam a narrativa a ganhar densidade.


A trilha sonora, assinada pelo grupo Son Lux, dá um clima melancólico e sofisticado que combina com o tom do longa.



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Onde o filme tropeça


O problema mais notável está no excesso de exposição. A velha regra “mostre, não conte” é quebrada várias vezes, com diálogos que explicam demais o que já poderíamos entender pela atuação. A fórmula Marvel ainda aparece, com quebras de tensão e explicações redundantes, o que impede o filme de atingir todo o potencial que poderia.


Apesar disso, o ato final é surpreendente. Em vez da batalha grandiosa e barulhenta que já conhecemos, o clímax é mais emocional do que físico, coerente com a ameaça central: um inimigo praticamente invencível, mas com fragilidade psicológica. É uma escolha inteligente e coerente com o tema.



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Conclusão


Thunderbolts é diferente do que estamos acostumados da Marvel — e isso é uma boa notícia. É um passo ousado e necessário. Minha única preocupação é que o desempenho de bilheteria, um pouco melhor que Eternos mas abaixo da média do estúdio, acabe desmotivando futuras apostas desse tipo.


Se a Marvel mantiver esse nível, há esperança de voltarmos a ver grandes filmes no MCU.


Nota: 8,5/10



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Ficha Técnica


Título: Thunderbolts


Direção: Jake Schreier


Roteiro: Eric Pearson, Joanna Calo, Lee Sung Jin


Elenco: Florence Pugh (Yelena Belova), Sebastian Stan (Bucky Barnes), David Harbour (Alexei Shostakov), Wyatt Russell (John Walker), Hannah John-Kamen (Ghost), Lewis Pullman (Bob/Sentry), Olga Kurylenko (Taskmaster), Geraldine Viswanathan (Mel), Julia Louis-Dreyfus (Valentina Allegra de Fontaine)


Fotografia: Andrew Droz Palermo


Trilha Sonora: Son Lux


Design de Produção: Grace Yun


Edição: Angela M. Catanzaro, Harry Yoon


Produção: Kevin Feige, Brian Chapek, Matthew Jenkins / Marvel Studios


Duração: 127 minutos


Distribuição: Walt Disney Studios Motion Pictures


Estreia no Brasil: 1º de maio de 2025




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