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Quarteto Fantástico (2025)

  • Foto do escritor: Helder Fernandes
    Helder Fernandes
  • há 7 dias
  • 4 min de leitura

Quarteto Fantástico (2025) – O melhor quarteto do cinema… mas isso quer dizer alguma coisa?


A trajetória do Quarteto Fantástico nos cinemas sempre foi uma montanha-russa de expectativas frustradas. Desde o filme obscuro dos anos 90, produzido por Roger Corman (sim, aquele que teve os rolos praticamente incinerados e hoje vive escondido no YouTube como uma relíquia maldita), até os filmes dos anos 2000, que acertam em tom aqui e ali, mas falham em grandes decisões — tipo transformar Galactus numa nuvem (!).


Esses filmes de Tim Story, apesar de inconsistentes, tinham certo charme e ajudaram muitos, como eu, a descobrir o Quarteto nos quadrinhos. Pelo menos algo de bom saiu dali. A versão de 2015, por outro lado... bom, se você leu a crítica anterior, já sabe o que penso: é um filme que sente vergonha de ser sobre o Quarteto, e os atores sentem vergonha de terem feito parte. Simples assim.


E agora, em 2025, finalmente temos um filme que acerta. Quarteto Fantástico (2025) consegue corrigir quase todos os erros dos filmes anteriores. Isso é louvável — mas também era o mínimo. A grande pergunta, no entanto, continua no ar: esse filme consegue ser realmente marcante?



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A trama


Quatro anos após adquirirem seus poderes por exposição a raios cósmicos, o Sr. Fantástico (Pedro Pascal), a Mulher Invisível (Vanessa Kirby), o Tocha Humana (Joseph Quinn) e o Coisa (Ebon Moss-Bachrach) precisam enfrentar uma ameaça cósmica: Galactus, o devorador de mundos (vivido por Ralph Ineson), e sua arauta, a Surfista Prateada (Julia Garner).


O enredo se baseia na clássica Trilogia de Galactus, uma das histórias mais reverenciadas da Marvel. Essa narrativa já havia sido (mal) adaptada no filme de 2007 e, curiosamente, também era o plano inicial para o roteiro do fracasso de 2015, antes de cortes orçamentários o destruírem.


Então por que trazer Galactus agora? Porque a Marvel está desesperada. A queda de interesse do público é evidente, e não dá pra culpar só a pandemia. A verdade é que a Marvel trocou qualidade por quantidade, acreditando que o público aceitaria esse ritmo insano de lançamentos — o que lembra perigosamente os erros que quase levaram a editora à falência nos anos 90.


Mesmo a concorrente DC comete os mesmos erros, inflando produções com personagens demais, como no novo Superman. E o resultado? Filmes bons como este Quarteto ou Thunderbolts simplesmente não conseguem se destacar.



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E o filme? Vale?


Sim, é um bom filme. Finalmente o Quarteto tem o tratamento digno que merecia. Mas… fazer o básico não garante uma experiência memorável. O roteiro é uma gangorra: acerta ao trabalhar, ainda que timidamente, a dinâmica familiar do grupo, mas falha ao distribuir bem os arcos entre os personagens.


Sue Storm (Kirby) é quem mais se beneficia aqui. Ela ganha profundidade, protagonismo e um arco que trata de maternidade e papel da mulher com mais respeito do que vemos até nos quadrinhos. Já Pedro Pascal está competente como Reed Richards — consegue inclusive não parecer o Pedro Pascal o tempo todo — entregando inteligência e liderança equilibradas com vulnerabilidade. A química entre Reed e Sue funciona.


O mesmo não pode ser dito de Johnny Storm e Ben Grimm. Joseph Quinn é carismático e até tem um subplot com a Surfista, mas que sofre com a ausência da personagem, reduzida a participações pontuais que não fazem jus à carga filosófica que ela tem nas HQs. Julia Garner manda muito bem nas poucas cenas que tem, mas sua personagem vira quase figurante.


O Coisa, então, é a maior decepção. Apesar de Ebon Moss Bachrach ter presença, o drama central do personagem — sua dor por se tornar um monstro, a perda da sua humanidade — simplesmente não existe aqui. E, para piorar, cortaram Alicia Masters, figura essencial pra nos conectar emocionalmente com Ben. Em seu lugar, colocaram uma personagem genérica.


E Galactus? Visualmente impecável, com design que homenageia Jack Kirby e uma escala impressionante. Mas na prática… é um kaiju. Nenhuma fala memorável, nenhuma motivação elaborada. Um monstro para se derrotar. Simples, direto — e vazio.



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Aspectos técnicos e visuais


É na direção de arte e ambientação que o filme mais brilha. A estética retrofuturista, inspirada nos anos 60, evoca algo entre os Jetsons e Fallout, criando um visual que finalmente foge do template genérico da Marvel. É um verdadeiro sopro de originalidade. A trilha sonora de Michael Giacchino também é um acerto, com um tema marcante e composições que elevam as cenas.



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O que poderia ser…


Se o vilão fosse Kang, o Conquistador, com sua ligação familiar com Reed, o filme poderia ter explorado ainda mais o tema da família. Mas sabemos por que isso não aconteceu — o escândalo de Jonathan Majors e a forma como o personagem foi jogado fora em Homem-Formiga 3 enterraram essa possibilidade.


A ausência do Doutor Destino também é gritante. Substituí-lo pelo Homem-Toupeira beira o cômico. Doom é tão essencial para o Quarteto quanto Magneto é para os X-Men. Mas os planos da Marvel de trazer Robert Downey Jr. como uma nova versão de Destino apenas confirmam o desespero da casa para recuperar o prestígio perdido, jogando todas as fichas na nostalgia.



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Conclusão


Quarteto Fantástico (2025) é como aquele convidado muito esperado que finalmente chega à festa — só que tarde demais. A festa já está quase no fim, sem bebida, sem comida, só com os restos. O filme é bom. Digno. Mas não ousa. Não impacta. Não marca.


E num cenário onde o público precisa escolher bem onde gastar seu dinheiro com ingressos, pipoca, estacionamento… "bom" simplesmente não é o suficiente. É por isso que o filme está patinando nas bilheterias, mesmo sendo a melhor versão do Quarteto já feita no cinema.


Nota: 7/10



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Ficha Técnica – Quarteto Fantástico (2025)


Direção: Matt Shakman


Roteiro: Josh Friedman


Elenco Principal:


Pedro Pascal – Reed Richards / Sr. Fantástico


Vanessa Kirby – Sue Storm / Mulher Invisível


Joseph Quinn – Johnny Storm / Tocha Humana


Ebon Moss-Bachrach – Ben Grimm / O Coisa


Ralph Ineson – Galactus


Julia Garner – Surfista Prateada



Trilha Sonora: Michael Giacchino


Fotografia: Ben Davis


Produção: Kevin Feige


Distribuição: Marvel Studios / Walt Disney Studios Motion Pictures


Duração: 2h12min


Estreia: 2025

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