Quarteto Fantástico (2015)
- Helder Fernandes
- 31 de jul.
- 3 min de leitura
🎬 Quarteto Fant4stico (2015)
Crítica por Helder A.S. Fernandes | Crítica Quântica
“Uma aula de como não fazer um filme.”
Antes de falarmos da vindoura versão de 2025, é preciso revisitar um marco do cinema... ou melhor, um marco da tragédia cinematográfica moderna. Se você aprecia filmes com gosto de lixo radioativo, esse é seu Oscar. Mas aqui no Crítica Quântica, mesmo com esse histórico, tentamos olhar tudo com uma lente crítica — exceto quando o assunto é o live-action dos Cavaleiros do Zodíaco, que continua insuperável em ruindade.
Dito isso, quero propor algo diferente: não apenas esculhambar Quarteto Fant4stico (2015), mas analisá-lo como um estudo de caso. Uma verdadeira aula de como destruir uma franquia, um estúdio, uma reputação e, possivelmente, o ânimo de qualquer fã da Marvel.
---
⚠️ Um início que engana… e depois afunda
O começo engana. Parece um filme de gênios mirins, algo saído de um roteiro perdido do Spielberg nos anos 80. Mas não se engane: isso não é Quarteto Fantástico, é um filme autoral de um diretor que não entende, não gosta e não respeita os personagens que tem em mãos.
Josh Trank, o comandante dessa tragédia, nunca escondeu que queria fazer algo mais próximo de David Cronenberg, famoso por seus filmes de terror físico como A Mosca. O problema? Não é a proposta ser diferente — o problema é executar mal, ignorar a essência dos personagens e ainda surtar no processo.
Trank havia feito apenas Poder Sem Limites — que é sim um filme competente, quase uma versão indie de Akira com orçamento de padaria. Mas entregar a ele um projeto com orçamento 10 vezes maior e base de fãs global foi uma decisão tão errada quanto o próprio corte final do filme.
---
🧪 A fórmula do desastre
Quando os personagens aparecem adultos, o choque é imediato. Miles Teller e Jamie Bell parecem deslocados, como adultos perdidos em um colégio infantil. A direção de arte é pobre, sem identidade, e o filme parece ter sido feito sem nenhum tipo de planejamento estético.
O roteiro então… é um espetáculo à parte. Diálogos mal escritos, cenas que não se conectam e um senso de ritmo completamente disfuncional. Personagens entram e saem sem propósito, apenas para seguir a maré de eventos.
---
👎 Um elenco sabotado pelo próprio filme
Reed Richards (Miles Teller): Um protagonista sem qualquer traço de genialidade ou liderança. Não toma decisões, apenas segue o fluxo.
Ben Grimm (Jamie Bell): Coisa? Nem de longe. Um boneco digital esquecido em CGI que não expressa emoção alguma.
Johnny Storm (Michael B. Jordan): Um ator de altíssimo nível colocado num papel sem vida, onde carisma e presença são desperdiçados.
Sue Storm (Kate Mara): A Mulher Invisível aqui é invisível até para o roteiro. Literalmente esquecida.
É impossível culpar o elenco. Com um material desses, colocar grandes atores ou iniciantes daria no mesmo. O roteiro não permite construção emocional, muito menos desenvolvimento dramático. Não há comédia, emoção ou energia.
---
☢️ A raposa que invadiu o galinheiro (e explodiu tudo)
Após ver o desastre tomando forma, a Fox decidiu intervir. Resultado: regravações, mudanças de tom, cortes e uma Kate Mara que aparece com cabelo real numa cena e peruca fajuta em outra. É visível. É trágico.
A ideia original de um filme mais sombrio foi aos poucos apagada, restando apenas um cadáver cinematográfico cheio de band-aids de estúdio. O ato final? Uma bizarrice de última hora — colocaram uma “luta” genérica digna de um episódio de Power Rangers pirata.
---
🧟♂️ O “Doutor Destino” que ninguém pediu
Sim, deixei o melhor pro final. O Doutor Destino desse filme é uma ofensa. Surge do nada, desaparece, retorna com poderes que ninguém entende e nenhuma motivação aparente. É o vilão mais genérico, mal aproveitado e visualmente ridículo que a Marvel já viu — e olha que a régua estava no chão.
Na cena final, eu ri. No cinema. Coringuei. Foi tanta vergonha alheia que só me restou o riso nervoso.
---
🎥 Ficha Técnica
Título: Quarteto Fant4stico
Direção: Josh Trank
Roteiro: Jeremy Slater, Simon Kinberg, Josh Trank
Elenco: Miles Teller, Kate Mara, Michael B. Jordan, Jamie Bell, Toby Kebbell
Distribuição: 20th Century Fox
Duração: 100 minutos
Gênero: Ação, Ficção Científica, Tragédia Cinematográfica
---
🧯 Nota: 0/10 ☢️
Uma bomba atômica travestida de reboot.
Só veja se quiser aprender o que não fazer no cinema.
Comments